segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Opinião pública e O Quarto Poder

O jornalismo utiliza a teoria da opinião publica, desenvolvida e estudada por filósofos liberais nos finais dos séculos XVII e XVIII. As conclusões são de que a opinião publica é uma parte integrante da teoria democrática de Estado. É também importante como instrumento de controle social. Levanta-se a questão de quem alimentaria a opinião publica para que a mesma pudesse tomar suas decisões. É então que a imprensa surge como um elo indispensável entre a opinião publica e as instituições governantes.
Os jornais se mostrariam do lado do povo e contra os eventuais abusos de poder. È clara a relação. A imprensa lutaria ao lado da opinião publica e contra o poder autoritário. Seria intitulada por isso de “Quarto Poder”. Com isso surge a ideologia de um jornalismo que teria dois deveres. Primeiro, ser um guardião dos cidadãos, os protegendo de abusos do governo, que usava de tirania ainda no inicio do século XIX. Segundo, ser um divulgador de informações que equiparia a sociedade com o necessário para lutar por seus direitos democráticos. E como bem explica Traquina:
“A nova ideologia pregava que os jornais deveriam servir os leitores e não os políticos, pregava que traziam informação útil e interessante aos cidadãos, em vez de argumentos tendenciosos em nome de interesses partidários, pregava fatos e não opiniões” ( Teorias do Jornalismo, 2005, pág.50).
Então, fica claro o culto aos fatos. As citações mostram o desejo da época no século XIX: “O mundo cansou-se de pregadores e sermões. Hoje o mundo pede fatos. Está cansado de fadas e anjos, pede carne e sangue” (Schudson, 1978). E ainda o que Elliot cita: “O comentário é livre, mas os fatos são sagrados” (1978).
O que ajudou também na independência do jornalismo do poder político foi a comercialização dos jornais. A imprensa se tornara uma indústria com objetivo de conseguir lucros, para se manter independente dos políticos e poder expressar sua opinião. Com um publico generalizado, uma nova forma de fazer jornalismo se estabelecia. A chamada penny press, que ganhou tal nome, devido o baixo custo do jornal que atingiu as pessoas que não o compravam por razões econômicas.
O novo jornalismo valoriza a informação e não propaganda. É um novo conceito onde se separa os fatos e as opiniões. Quem utilizou e defendeu esse novo jornalismo, foram as agências de noticias. Uma vez que elas serviam um publico amplo, como vários jornais locais, não podiam lançar uma opinião. Seu público necessitava apenas dos fatos, “nus e crus”. O advento do telégrafo ajudou muito as agências e foi de enorme colaboração, para o firmamento ainda maior de uma imprensa baseada nos acontecimentos. Contudo se firma um jornalismo que fornece informação ao serviço da opinião publica e está em constante vigilância na defesa da liberdade e da democracia. Sendo assim são indispensáveis a essa profissão tão poderosa seus valores.
Fica mais do que claro, que a liberdade é valor essencial do jornalista. Traquina cita que eles estiveram e estão na frente da luta pela liberdade. E esse valor traz a atenção a independência e autonomia dos profissionais em relação aos outros agentes sociais. O sociólogo britânico, Phillip Elliott diz que “a ideologia do profissionalismo tem sempre defendido o principio de que um membro de uma profissão deve ter independência e autoridade nas suas relações de trabalho”. Ligado a isso, é bom lembrar que na maioria dos códigos de ética de jornalistas, existe o que se convencionou chamar de “cláusula de consciência”. Explica Francisco Karam que “de forma geral, significa que os profissionais podem recusar-se a fazer matérias, realizar coberturas ou serem obrigados a cumprir normas editorias que, por razões explicitas ou implícitas, sejam contraria as suas convicções interiores”.

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